quarta-feira, 29 de maio de 2013

Consumo e novas tecnologias. Para quem?

Consumo e novas tecnologias. Para quem?

Numa sociedade capitalista, estar excluído do mercado é estar excluído das condições dignas de vida. Porque as coisas necessárias para uma vida digna você consegue via mercado. A grande pergunta é: por que o sistema econômico no qual vivemos hoje exclui tanta gente das relações econômicas e sociais que passam através do mercado?
No contexto da sociedade atual, sem dúvida, a economia é o tema central, é a grande questão. Não somente porque nós vivemos numa sociedade capitalista, em que tudo está centrado na questão da economia e do aumento de capital, mas também porque na vida real as coisas passam pelo campo econômico, as coisas que nós precisamos para viver nós compramos. E para comprar é preciso estar inserido no mercado.
O que é o mercado?
De uma forma bem simples, mercado é espaço de compra e venda. Para você entrar no mercado você precisa ter alguma coisa para trocar. Ou você tem dinheiro e compra; ou você tem um trabalho para vender, para receber salário; ou você tem uma mercadoria para vender, para pegar o dinheiro e comprar as coisas que precisa. Então, de uma forma simples, mercado é um espaço de troca. Nesse sentido, mercado é bom. Mercado é uma coisa necessária, uma invenção humana, de muito tempo atrás, que possibilitou melhora nas condições de vida das pessoas.
O problema é que no sistema capitalista, as regras do mercado passaram a ser as únicas regras. Antigamente, se alguém não tinha acesso ao mercado, se não tinha como comer, a sociedade, a comunidade ou a vizinhança ajudava. Você tinha as relações solidárias, relações comunitárias suprindo problemas de mercado. Numa sociedade capitalista, o mercado passa a ser o principal regulador da vida social. Então as pessoas, ou porque não têm emprego, ou porque não têm renda suficiente, não conseguem entrar no mercado para comprar as coisas necessárias para viver, e viver de uma forma digna.
O ser humano e o consumo
O ser humano é um ser de desejos e necessidades. Portanto o ser humano não vive só pela necessidade, também deseja coisas. E fundamentalmente deseja ser reconhecido pelas outras pessoas. O grande desafio é tentar entender quais são os mecanismos de reconhecimento na sociedade.
Nas sociedades antigas, por exemplo, ser honrado era um valor importante para ser reconhecido como uma boa pessoa. Na sociedade da cultura de consumo de hoje você é reconhecido pelo seu padrão de consumo. Eu desejo ser reconhecido, então para isso eu preciso comprar as coisas que não são necessárias para a sobrevivência imediata, mas são necessárias para ser reconhecido. Então aí aparecem tênis caros, celulares e carros sofisticados que as pessoas passam a desejar. Com isso, o que o capitalismo faz é fomentar esse desejo de consumo, reforçando a ideia de classificação de pessoas por padrão de consumo. Então os pobres, além de não terem acesso a uma vida boa, eles também têm outro problema: são frustrados no desejo de reconhecimento.
Novos caminhos
O primeiro desafio dos cidadãos é possibilitar espaços de relacionamento, nos quais o consumo não seja critério de reconhecimento. Uma das grandes contribuições que as comunidades cristãs fazem no mundo de hoje é permitir que pessoas simples, sem grande acesso ao consumo, possam ser reconhecidas como pessoas, porque são reconhecidas como seres humanos. E mesmo as pessoas que têm acesso ao consumo têm a experiência de um reconhecimento humano verdadeiro, não através do padrão de consumo.
O segundo aspecto é lutar para criar espaços de sobrevivência econômica melhor para pessoas excluídas. Criar possibilidades como a economia popular e solidária, práticas de educação profissionalizante, seja em formas tradicionais, seja em formas alternativas das práticas comunitárias.
O terceiro aspecto é fazer uma crítica na sociedade a esse caráter perverso de uma economia baseada somente na acumulação do capital, que, além de excluir as pessoas da condição de uma vida digna, também gera uma antropologia equivocada de achar que o ser humano é aquilo que consome.
Jung Mo Sungprofessor de Pós-Graduação das Ciências da Religião na Universidade Metodista de São Paulo.Artigo publicado na edição nº 404, jornal Mundo Jovem, março de 2010, página 15.

Devem os pais intervir nas escolhas dos filhos?

Devem os pais intervir nas escolhas dos filhos?

Por escolha, refiro-me à escolha afetiva e à escolha profissional, entendendo-as como indissociáveis da vida como cultura e como humanidade. Deixando as escolhas para os filhos, não nos isentamos de educálos, mostrando que os seres humanos, ao contrário dos animais, reinventam e escolhem, de certa forma, a vida que querem levar.
E como podemos inventar e escolher, também podemos nos enganar, como alerta o professor de filosofia, o espanhol Fernando Savater, em sua obra Ética para meu filho. Muitos pais esforçam-se para ensinar suas crianças, desde pequenas, que há coisas importantes e outras nem tanto assim. Savater diz que é possível viver sem astronomia, marcenaria, e até mesmo sem saber escrever ou ler, mas não é possível ignorar que certas sabedorias convêm à nossa sobrevivência. Por exemplo, pular do sexto andar, beber um veneno, arrumar muitos inimigos, não saber o que comer são coisas que não nos fazem bem a não ser que sejamos suicidas. Porém há outras dimensões da vida que nos impõem escolhas e, portanto, algumas confusões. São as dimensões ligadas aos valores, à nossa formação e estão ligadas aos costumes e à cultura ou à ordem de nossa sociedade. Os pais estão presentes no ensino dessas duas dimensões.
Educar para a autonomia
Somos livres para escolher, diz Savater ao seu filho de 15 anos, Amador. Mas não escolhemos onde nascemos, nem escolhemos nossos pais. Somos livres para tentar escolher algo. E isso pode ou não dar certo. “Há coisas que dependem da minha vontade (e isso é ser livre), mas nem tudo depende de minha vontade (senão eu seria onipotente), pois há outras vontades e muitas outras necessidades que não controlo conforme meu gosto”.
Os pais podem ajudar seus filhos a escolher estudar quando a preguiça sobrevém. Podem desbastar alguns caprichos (como não ir à escola, não tomar os remédios, não comer corretamente). Podem ajudá-los a tomar decisões. Devem, sobretudo, diz outro filósofo, Olivier Reboul, “educar uma criança para que ela vá mais longe, não apenas para ser um trabalhador e um cidadão, mas um homem que seja capaz de compartilhar e comunicar-se com certas obras e as pessoas humanas”. Devemos despertar a inteligência e a personalidade da criança para permitir que ela seja alguém por ela mesma. Isso se chama autonomia, educar para a autonomia. E assim ela será mais livre para fazer suas escolhas, acertar ou assumir os erros.
O amor que educa
Para Reboul, a família deve educar para formar os sentimentos, partindo da transformação das pulsões. Ou seja, a educação dos limites. A função da família está mais para contentar-se com o amor do que para com o ensino de conteúdos escolares. O amor da família, diz Reboul, às vezes pode ser tempestuoso e cruel, mas é nessa ocasião que a criança se compreende como ser insubstituível. Esta educação é proveitosa tanto para os pais, mães quanto para os filhos; é a “educação permanente”.
O aprendizado das emoções leva-nos, afirma Savater, a “ser capaz de prestar atenção em si mesmo, pois isso é requisito para ter capacidade de prestar atenção aos outros”. Quando escolhemos as coisas para nossos filhos ou a nossa intervenção é muito brutal nas suas escolhas, podemos criar seres imbecis. Savater brada ao seu filho Amador: “Sabe a única obrigação que temos nessa vida? Não sermos imbecis. Você não vai acreditar, mas a palavra imbecil é mais substanciosa do que parece. Ela vem do latim, baculus, que significa bengala”.
A essência da escolha é a liberdade e a essência da liberdade é a responsabilidade. São caminhos que consistem em se construir, se definir e se inventar. Ao escolher o que eu quero, vou me transformando pouco a pouco. São decisões próprias, contraindo o vício de viver bem. Com o empurrão dos pais, é claro, sabendo que viver não é uma ciência exata, é uma arte, como bem nos fala o filósofo Savater.
Marta Belliniprofessora na Universidade Estadual de Maringá, PR, Departamento de Fundamentos da Educação.

Paulo Freire e a reinvenção do ato educativo

Hoje, mais do que em outras épocas, se exige do educador uma postura alicerçada num processo permanente de reflexão que leve a resultados inovadores no trato da educação. Sem dúvida, as contribuições de Paulo Freire levam o educador à consciência de si enquanto ser histórico que continuamente se educa num movimento dialético no mundo que o cerca. Não é, pois, por acaso que as ideias freireanas se articulam com os interesses na formação do educador, pois não se perde de vista o caráter histórico do homem associado sempre à prática social.

Paulo Freire, Pernambuco, nascido em 1921, no Recife, contribuiu como poucos na reflexão do homem e seu compromisso com a sociedade. Este movimento de ser homem é pensado no seu percurso reflexivo que permite ser objetivado na medida em que é passível chegar aos espaços de formação de educadores, quer na formação inicial, quer na formação em serviço, a fim de torná-los capazes de transformações necessárias às práticas educativas e pedagógicas.

Nesse sentido, as ideias freireanas servem como orientação para o processo de formação docente no que se refere à reflexão crítica da prática pedagógica que implica em saber dialogar e escutar, que supõe o respeito pelo saber do educando e reconhece a identidade cultural do outro.
Educação problematizadora x educação bancária
Freire não se limitou a analisar como são a educação e a pedagogia, mas mostra uma teoria de como elas devem ser compreendidas teoricamente e como se deve agir através de uma educação denominada libertadora. Para ele, educação é um encontro entre interlocutores, que procuram no ato de conhecer a significação da realidade e na práxis o poder da transformação.
Entende-se por pedagogia em Freire a ação que pode e deve ser muito mais que um processo de treinamento ou domesticação; um processo que nasce da observação e da reflexão e culmina na ação transformadora.
Paulo Freire desnuda a concepção bancária de educação. É uma crítica à educação que existe no sistema capitalista, alicerçada nos princípios de dominação, de domesticação e alienação, transferidas do educador para o aluno através do conhecimento dado, imposto, alienado.
Em uma das suas principais obras, Pedagogia do Oprimido (1983), Paulo Freire discute essa concepção: em que o educador é o que educa; os educandos, os que são educados; o educador é o que sabe; os educandos, os que não sabem; o educador é o que pensa; os educandos, os pensados; o educador é o que diz a palavra; os educandos, os que a escutam docilmente; o educador é o que disciplina; os educandos, os disciplinados; o educador identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional, que opõe antagonicamente à liberdade dos educandos; estes devem adaptar-se às determinações daquele; o educador, finalmente, é o sujeito do processo; os educandos, meros objetos.
Este desnudamento serve de premissa para visualizar o poder do educador sobre o educando e como consequência à possibilidade de formar sujeitos ativos, críticos e não domesticados. Como se vê, a opressão é o cerne da concepção bancária. Para analisar esta concepção que se fundamenta no antidiálogo, Freire (1983) apresenta características que servem à opressão. São elas: a conquista, a divisão, a manipulação e a invasão cultural.
O “método Paulo Freire”
Apesar da insistência com que se fala, às vezes, nessa história do chamadométodo Paulo Freire, eu tenho a impressão, talvez um pouco imodéstia agora, que se trata muito mais do que de uma certa compreensão geral da educação, de uma maneira de praticar educação do que de um método. A questão vai além do método (Freire, 1979). Paulo Freire era um pensador, bem além de seu tempo e como tal não se limitava a métodos. Para ele a educação estava além dos métodos e antes e acima de tudo era um ato político. Para ele o dado fundamental de todas as coisas do mundo é o diálogo. O método é secundário. O diálogo para ele é o sentimento do amor tornado ação.
O que Freire propõe é uma compreensão geral acerca da educação, da maneira de se praticar a educação. Esta compreensão, é claro, tem a ver com prática e esta prática tem a ver com um método. O método está contido nesta compreensão geral acerca da educação. Mas o que Freire nos propõe está muito além do método, está nos questionamentos acerca da própria educação, que para ele está na e fora da escola, da forma que hoje esta se coloca para os educandos onde quer que estes estejam. Por se referenciar também na fenomenologia, Freire está sempre em busca do conhecer, do mergulho empático na cotidianeidade do educando como fator essencial na construção do currículo.
A pedagogia do diálogo e o ato de liberdade
Paulo Freire sempre esteve à frente de seu tempo e, apesar de se referenciar no marxismo e na fenomenologia existencial, ele não se limita essas concepções, elas não funcionam como uma camisa de força para este educador visionário. Criando um pensamento pedagógico único e totalmente original, suas ideias se espalharam pelo mundo através de seus escritos. Ele não separava a educação e a política. Para ele a educação é um ato político: “a leitura da palavra deve ser inserida na compreensão da transformação do mundo” (Freire, 1989), ou seja, ao se viabilizar a leitura da palavra, o educador estaria ao mesmo tempo levando o educando a ler o mundo. E isto para ele é um ato político, pois está ligado a mudanças políticas e sociais.
Paulo Freire acredita que o dado fundamental das relações de todas as coisas no mundo é o diálogo. O diálogo é o sentimento de amor tornado ação, o diálogo amoroso, que é o encontro dos homens que se amam e que desejam transformar o mundo.
Segundo Freire, o diálogo não é só uma qualidade do modo humano de existir e agir. O diálogo é a condição desse modo, é o que torna humano o homem. O relacionamento professor-aluno precisa estar pautado no diálogo, ambos se considerando sujeitos no ato do conhecimento, numa relação horizontal. O autoritarismo tradicional que permeava a relação da educação tradicional precisa ser banido para dar lugar à pedagogia do diálogo. Contudo esta relação horizontal não acontece de forma imposta. Ela ocorre naturalmente quando educando e educador conseguem se colocar na posição do outro, tendo a consciência de que, ao mesmo tempo, são educandos e educadores.
Na pedagogia do diálogo insere-se também o conceito de educação para Freire, onde ninguém sabe tudo e ninguém é inteiramente ignorante. A educação não pode ser diminuidora da pessoa humana. Ela precisa levar à redenção. Por isso uma educação que reprime não é a que redime. Para Freire nós nos educamos em comunidade. Sua busca era por uma educação comprometida com os problemas da comunidade, o local onde se efetiva a “vida do povo”. A comunidade para ele é o ponto de partida e de chegada.
Portanto a Educação é um processo permanente. Ela não se esgota nos minutos de cada aula, não se prende aos muros escolares, exatamente porque não acontece exclusivamente na escola. Segundo Freire, nos educamos a vida inteira. Até o momento da morte para ele se constitui num ato educativo.
Márcio Balbino Cavalcanteprofessor, geógrafo e mestrando em Geografia, Passa e Fica, RN.

TOLERÂNCIA RELIGIOSA

TOLERÂNCIA RELIGIOSA
Nunca se falou tanto em tolerância religiosa como hoje. Há, decerto, uma razão para esse apreço do conceito, que reside em ser o tempo atual um período de “extremos”, qualificação que se justifica pelos seus paradoxos: paz e violência, tecnologia e miséria, desenvolvimento e injustiça social etc. Por um lado aguça-se entre religiões e culturas a sensibilidade pela dignidade humana.
O discurso sobre a inviolabilidade dos direitos humanos fundamentais pauta-se como imperativo para todos os povos. Por outro lado, a dignidade humana jamais esteve tão ameaçada, seja pelo armamento nuclear, pela fome, pela manipulação genética, pelos conflitos políticos, religiosos, étnicos ou seja por razões múltiplas. A realidade confirma, portanto, a atualidade da reflexão sobre a tolerância. Nesse debate uma questão crucial que se aborda é saber qual o limite da tolerância? Ou dito de outra maneira, é possível ser tolerante com o intolerável? Existe um meio-termo nessa história, uma terceira via que se tece para além da mera aceitação ou do recurso à violência?
O limite da tolerância torna-se cada vez mais evidente. Tolerância não significa tolerar o intolerável, o que seria a própria negação da tolerância, sendo que esta consiste na aceitação mínima do diferente como tradução da coexistência pacífica. Se a tolerância não equivale a tolerar o intolerável, que via se lhe aponta, já que a utilização das mesmas armas da intolerância rejeitaria pelo oposto a própria tolerância? Em termos concretos, com que atitude enfrentar as ações do braço de terrorismo do fundamentalismo religioso e político? O recurso às armas da intolerância comprovou-se historicamente como gerador de mais violência. A ofensiva de Bush, em resposta às ações terroristas de 11 de setembro de 2001 contra os EUA, não trouxe nenhuma resolução para a questão, pelo contrário, desencadeou um processo gradativo de violência e insegurança.
O exercício da tolerância exige o difícil equilíbrio entre razão e emoção. Tarefa que se torna ainda mais desafiadora quando se está diante do impacto provocado pelo intolerável (11 de setembro de 2001, EUA; 11 de março de 2004, Espanha; julho de 2005, Inglaterra). Mas é exatamente nesse momento que a busca do consenso racional pode contribuir, evitando-se a traição pela emoção e, consequentemente, uma justificativa cuja lógica possui em sua estrutura a mesma forma de pensar fundamentalista: o império do bem contra o império do mal.
Com que atitude, então, enfrentar o fundamentalismo? O caminho que se vislumbra racionalmente é o do diálogo incessante, do acordo justo e transparente e parece não haver outro meio sensato. Leonardo Boff afirma em seu livro Fundamentalismo: a globalização e o futuro da humanidade ser necessário dialogar até a exaustão, “negociar até o limite intransponível da razoabilidade”, na esperança de que o fundamentalismo venha a reconhecer o outro e o seu direito de existência. Talvez essa estratégia possibilite romper as bases de sustentação de qualquer fundamentalismo, instaurando uma comunidade de povos.
Embora rejeita-se por inteiro o método, a justificativa e a finalidade das violentas ações fundamentalistas, elas não deixam de indicar algo. Conforme o teólogo Hans Küng, elas apontam os “débitos de uma Era Moderna muitas vezes individualista-libertinista”, que deveriam ser levados em conta quando se rejeita as soluções do fundamentalismo. Enzo Pace e Piero Stefani, no livro,Fundamentalismo religioso contemporâneo, argumentam que as ações fundamentalistas denunciam a fragilização do pacto social “(...) e, por isso, [tornam-se] uma espécie de sinal de alarme que indica níveis baixos de solidariedade social e níveis total de desconfiança no sistema político (...)”. Esses aspectos devem ser considerados ao se buscar uma razão para as ações intolerantes decorrentes dos fundamentalismos.
A terceira via, o como enfrentar o intolerável se constrói pela sensibilização pacífica, através de protestos e outras atitudes e, sobretudo, pela busca incessante de diálogo como tentativa de encontrar um meio-termo para os extremos. O exemplo de Jesus ao convidar seus discípulos para baixar a espada é inspirador. Contudo, além da atitude democrática e tolerante, é necessário também que sejam suprimidas as condições que fazem surgir as atitudes intolerantes, principalmente, aquelas originárias do fundamentalismo. Do contrário, também a tolerância será insuficiente.
Rivelino Santiago de CarvalhoProfessor de Ensino Religioso – Colégio Ibituruna – Governador Valadares - MG.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

EDUCAÇÃO DE QUALIDADE: UMA IRONIA AO CONCEITO DE EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO DE QUALIDADE: UMA IRONIA AO CONCEITO DE EDUCAÇÃO


Há muito tempo estamos assistindo a discursos vazios que brotam de debates inconsistentes e de intenções diversas sobre educação. Intenções que passam longe de beneficiar a educação. 
Este texto é carregado de desabafo, de angústia, de medo, de desafio, mas é a leitura que faço do que chamam de educação em nosso país. 
Virou moda falar em educação de "qualidade". Será que no conceito de educação já não está posta a ideia de qualidade? Por que falar em qualidade na educação? Se não temos qualidade na educação, também não temos educação. E de fato não temos. Se falamos em "qualidade", estamos dizendo que existem diferentes tipos de educação, umas melhores e outras piores. Será que não existe um preconceito com relação a educação ao falar que uma é melhor que outra? Creio que sim.
Aqueles que "pensam" a educação a partir deste viés, não querem falar exatamente da educação, mas querem questionar a capacidade dos profissionais ligados a ela. Dizer que temos educação sem "qualidade" é o mesmo que dizer que temos profissionais incompetentes. Será que não há aí uma justificativa para a desvalorização desses profissionais?
Não temos educação em nosso país, temos, sim, escolas que tem a função de treinar pessoas para servirem aos grandes empresários que financiam o poder político em nosso país. Essa é uma angústia muito grande, pois cada geração que passa alarga ainda mais o distanciamento entre o que é o ser humano e o espírito de competitividade pregado pelo consumismo.
Educação é FORMAR e não INFORMAR seres humanos. Há alguns anos atrás diziam que "a informação é tudo", mas não é o que aconteceu. Diante de tanta informação que temos os problemas permanecem os mesmos e mais robustecidos. O prefixo in é uma negação. Será que a palavra informação que temos hoje não é a negação da formação? 
Formar significa dar condições para que o estudante faça uma reflexão sobre a sociedade em que ele está inserido. É dar ferramentas para que ele mesmo possa construir seu caminho. É dar oportunidade de ESCOLHAS, pois a  vida é assim, cheia de escolhas. 
É ridículo falar em metas na educação, falar em índices. É querer coisificar tanto o estudante como o conhecimento por ele adquirido. Só poderemos saber o que de fato o aluno aprendeu, mediante o  PAPEL SOCIAL que este estudante irá desenvolver. Portanto os resultados serão a longo prazo. 
Amigos leitores, não direciono a nenhuma pessoa em especial, é apenas a minha angústia diante daquilo que vejo acontecer em nosso país. 

Professor Paulo Vieira - Filosofia


sexta-feira, 3 de maio de 2013

Novo programa vai incentivar docência e carreira científica


Novo programa vai incentivar docência e carreira científica


O Ministério da Educação está estruturando um programa de estímulo a jovens estudantes do ensino médio que pretendam seguir carreira na área científica ou na docência da educação básica. Para isso, criará incentivos a programas de formação e pesquisas de universidades, centros de pesquisas e institutos nas áreas de licenciatura e científica que envolvam professores e estudantes dessa etapa do ensino. 

A proposta prevê a criação de núcleos nas instituições de educação superior, institutos e centros de pesquisas com oferta de bolsas de incentivo a estudantes e a professores da educação básica, a professores e a graduandos das universidades e a pesquisadores.

O programa terá como meta atender 100 mil estudantes do ensino médio, além de 10 mil de graduação em cursos de licenciatura do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid). Serão incorporados ao programa os estudantes medalhistas das olimpíadas de matemática e de língua portuguesa, entre outras. Os professores que participarem do programa terão direito a bolsas e poderão ser incluídos em programas de formação e pesquisa.

O programa do MEC não prevê pagamento de incentivos nem a vinculação da titulação na pós-graduação dos professores ao desempenho satisfatório dos estudantes. Decisões nesse sentido caberão exclusivamente a estados e municípios. O MEC não tem gerência na carreira docente de escolas da educação básica. 

Assessoria de Comunicação Social

Como combater um incêndio?


Como combater um incêndio?

A prevenção e extinção de um incêndio envolvem a eliminação de um dos três fatores apresentados no triângulo do fogo: combustível, comburente e calor.


Para combater cada tipo de incêndio existe um tipo de extintor apropriado 
Para combater cada tipo de incêndio existe um tipo de extintor apropriado

Para que uma reação de combustão e um incêndio ocorram, são necessários três fatores: combustível, comburente e reação em cadeia.

1- Combustível:
O combustível é qualquer material que possa ser oxidado. Eles podem ser sólidos (papeis, madeira, algodão), líquidos (álcool, gasolina, éter, óleo combustível) ou gasosos (gás hidrogênio, acetileno, GLP (Gás Liquefeito de Petróleo)).
O papel é um combustível sólido
Entre os combustíveis líquidos, temos os voláteis, que são aqueles que liberam vapores em temperatura ambiente, como o álcool, a gasolina e o éter; e há também os não voláteis, que praticamente não liberam vapores, como as tintas, o óleo combustível, a graxa, entre outros. Os voláteis apresentam maior risco.

2- Comburente:
O comburente é o gás oxigênio (O2), que entra em contato com o combustível e reage. Ele é indispensável para que a combustão ocorra e isso pode ser visto por meio de um experimento simples e bem conhecido: se colocarmos um copo sobre uma vela acesa, a chama irá apagar com o tempo, pois todo o oxigênio foi consumido e a reação cessa.

3- Reação em cadeia:
O calor fornece a energia necessária para que a reação continue. Por exemplo, o capim é um combustível e ele está em contato com o oxigênio do ar, mas para que a sua queima ocorra é necessário uma ignição, ou energia de ativação, que é fornecida, por exemplo, por uma faísca, como quando alguém joga um cigarro aceso. Então, a combustão se inicia, liberando calor que fornece a energia mínima necessária para que a reação em cadeia continue.
Desse modo, a combustão é representada por um diagrama chamado detriângulo do fogo:
Diagrama de triângulo de fogo
Assim, para combater um incêndio, temos que remover um desses três fatores. Veja como:

1-Eliminando o calor:
Um dos principais meios de combater um incêndio é por meio do resfriamento, diminuindo a temperatura. Esse método é ideal para incêndios de classe A, que ocorrem com combustíveis sólidos que queimam na superfície e na sua profundidade, deixando resíduos (cinzas).
Resfriamento de incêndio com água
Para eliminar o calor, utilizam-se extintores apropriados para cada tipo de incêndio.  Mas é necessário saber exatamente qual extintor usar para cada tipo de incêndio, pois, caso contrário, pode piorar a situação. Por exemplo, digamos que o fogo está ocorrendo em equipamentos elétricos que oferecem risco de choque (incêndio classe C), nesse caso, um extintor de água não seria indicado, mas sim um extintor de pó químico seco.

2-Eliminando o combustível:
Isso é feito por meio da retirada do material do local. Por exemplo, digamos que uma entrada de gás hidrogênio está aberta, podemos então fechá-la, retirando o combustível que está sendo queimado.
Esse método é indicado para incêndios de classe B e C, que são, respectivamente, incêndios com líquidos que queimam na superfície e deixam resíduos e incêndio com equipamentos elétricos, conforme já mencionado.

3- Eliminando o comburente:
Podemos impedir que o combustível entre em contato com o oxigênio por meio de um abafamento por uma cobertura.
Por exemplo, se o óleo de cozinha começou a pegar fogo, você jamais deve jogar água, pois, se fizer isso, ocorrerá um tipo de explosão e você irá se ferir. Isso acontece porque o óleo é menos denso que a água. Assim, ao jogar água, ela tenderia a afundar, passando pelo óleo quente. Visto que a temperatura está acima do ponto de ebulição da água, imediatamente ela passaria do estado líquido para o gasoso, formando bolhas de vapor que subiriam rapidamente através da gordura quente e saltariam de forma extremamente violenta para o ar. Essas bolhas levariam consigo gotículas de óleo que poderiam queimar a pele se caíssem sobre ela.
O modo correto seria não tocar na frigideira, desligar o fogo e colocar um pano úmido por cima da frigideira para impedir que o oxigênio alcance as chamas e, consequentemente, elas se apagarão.
Apagando fogo de óleo do modo correto, com um pano úmido

Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química

Saiba como escolher uma boa instituição de ensino superior


Saiba como escolher uma boa instituição de ensino superior


Após definir a carreira que pretende seguir, é hora de analisar as instituições de ensino que melhor se encaixam em suas necessidades, condições e nas exigências do mercado de trabalho. Como descobrir se uma faculdade é boa ou ruim? Há algum parâmetro? 
"Conhecer a avaliação do curso no MEC é um bom passo. O estudante pode também recorrer a outros meios, como o RUF [Ranking Universitário Folha] do jornal Folha de S.Paulo e outros guias", analisa Andrea Godinho de Carvalho Lauro, orientadora profissional do colégio Vértice.
No site do MEC (Ministério da Educação), por exemplo, é possível consultar notas obtidas pela instituição em avaliações nacionais, o que pode facilitar na hora da escolha.  Veja como consultar o site do MECPara a especialista, os vestibulandos também devem notar quais são os critérios dessas avaliações. "Tem algumas, por exemplo, que levam em consideração quantos mestres e doutores a universidade tem". 
"O estudante deve estar atento e analisar ainda como é composto o corpo docente daquela instituição e como ela é vista", afirma Maria Beatriz Loureiro de Oliveira, coordenadora do Serviço de Orientação Vocacional da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araraquara.
Nesse quesito, universidades estaduais e federais possuem certo prestígio, mas outras faculdades também são vistas com bons olhos pelo mercado. "A gente sabe que as instituições públicas são mais aceitas pelo mundo do trabalho, então a maioria delas já tem uma história de formação. Já as universidades privadas, algumas já vêm conquistando esse status", analisa Maria Beatriz.

Visite o local

Além de analisar as notas obtidas pela instituição, é importante observar a estrutura do local e fazer uma pesquisa no site da universidade.  "A estrutura é muito importante para determinados cursos. No caso de medicina, o aluno deve ver se há hospital, onde vão fazer seu internato. Ou então, em engenharia, analisar se a instituição tem laboratório adequado", diz Andrea Godinho.
Para isso, o estudante pode fazer visitas agendadas às faculdades, conversar com alunos e ex-alunos para saber o que acham da instituição e como se colocaram no mercado de trabalho.
Diferenciais, como opção de intercâmbio, ajudam a definir a instituição. "É bom pesquisar se a universidade oferece, por exemplo, estágio no exterior. Hoje em dia existem muitos convênios que valem a pena para o aluno conseguir uma boa experiência lá fora", diz a especialista da Unesp.
Andrea Godinho concorda. "É importante ver se há disciplinas optativas, atividades extracurriculares, opção de intercâmbio ou então formação continuada no exterior. No site de boas instituições, deve haver essas informações e outras, como a grade curricular, o coordenador do curso e apresentação de professores".
Para a orientadora do Vértice, o mais importante é que o estudante tenha a noção de que os cursos não são iguais. "A faculdade, apesar de ter um currículo básico comum, que é instituído pelo MEC ou pela instituição que regulamenta aquele curso, tem certa autonomia para deixá-lo a sua cara", diz Godinho.

Veja como consultar o site do MEC

1. Acesse o site http://emec.mec.gov.br/, nele você encontrará informações pertinentes sobre o curso e a instituição de ensino que você deseja cursar. É possível saber se a instituição é credenciada e se o curso é reconhecido pelo MEC, por exemplo.
2. Após entrar no sítio, clique em "consulta avançada" nas abas superiores, selecione a opção buscar por instituição de ensino superior e digite o nome ou a sigla da faculdade que deseja analisar. 
3. Na parte inferior, aparecerá o nome da faculdade e um valor de IGC (Índice Geral de Cursos) - que pode variar de 1 a 5. As notas a partir de 3 mostram qualidade satisfatória da instituição. 
4. Os cursos também são avaliados pelo MEC pelas avaliações CC (Conceito do Curso) ou CPC (Conceito Preliminar do Curso). As notas vão de 1 a 5 e são satisfatórios valores acima de 3.




Brasil tem carência de 150 mil professores em ciências naturais


Brasil tem carência de 150 mil professores em ciências naturais


"Tornar mais atrativa a carreira do magistério no Brasil". Esse é o principal objetivo do Quero ser professor, novo programa do Ministério da Educaçãoque pretende suprir uma carência de 150 mil professores de matemática, física, química e biologia e deverá ser lançado nos próximos dois meses, de acordo com o coordenador Mozart Neves Ramos. Antes do lançamento, porém, o MEC pretende ouvir o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), as universidades e as sociedades científicas.
Com nome ainda provisório - será analisado pela área de comunicação do MEC, o programa deverá funcionar em regime de colaboração envolvendo o MEC, as secretarias de Educação dos estados e as universidades com boa avaliação no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
É um programa para tentar melhorar o desempenho de alunos e professores nas disciplinas da área de ciências naturais, tanto no ensino médio quanto no superior. "São as matérias com maior déficit de professores no País. Estima-se que o déficit nessas matérias seja da ordem de 150 mil", afirma Mozart Neves, que também é conselheiro do Todos pela Educação.
O Programa atuará em três eixos: criação de "clusters" de desenvolvimento de ensino, envolvendo professores e alunos das universidades e das redes estaduais de ensino (o foco); desenvolvimento de ações que visem a redução da evasão nos cursos de licenciaturas em química, física, matemática e biologia; certificação pós-graduanda de professores da rede de ensino e melhoria no plano de carreira, associado ao seu desempenho em sala de aula.
Com relação à terceira frente do programa, os docentes só receberão o diploma da pós-graduação se houver a comprovação de que seus estudantes melhoraram, exigência inédita em programas federais de educação. "A ideia é que a certificação leve de fato a uma melhoria de desempenho do professor em sala de aula. É preciso ir além da titulação, é preciso que ela chegue até a sala de aula, e assim espera-se que a própria universidade acompanhe e auxilie esse professor após suas atividades na universidade", explica o coordenador.
Mozart acrescenta que , quanto à avaliação, "existem instrumentos de aferição, mas vamos discutir melhor com os demais atores sobre isso. Será um processo construído em regime de cooperação", conclui.
PERFIL - Reitor da Universidade Federal de Pernambuco por oito anos (1996-1999 e 2000-2003) e secretário estadual de Educação entre 2003 e 2006, Mozart Neves Ramos divide a agenda entre o Recife, devido às aulas de graduação, mestrado e doutorado na área de química da Univresidade Federal de Pernambuco (UFPE), e São Paulo, onde realiza as atividades do Programa Todos pela Educação, do qual é conselheiro.

Professores da rede municipal decidem manter greve em SP


Professores da rede municipal decidem manter greve em SP


Os professores da rede municipal de ensino de São Paulo decidiram manter a greve iniciada nesta sexta-feira (3). Eles decidiram pela paralisação na última segunda (29). A próxima assembleia está marcada para as 14h do dia 8 de maio, em frente à prefeitura.
Segundo o Sinpeem (Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo), a greve teve adesão de cerca de 45% dos professores nesse primeiro dia. 
A categoria reivindica os seguintes reajustes: 6,55% retroativo a maio de 2011; 4,61% retroativo a maio de 2012 e 6,51% referente a esse ano.
Segundo Claudio Fonseca, presidente do Sinpeem (Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo), a prefeitura propôs um reajuste para os servidores públicos, incluindo os docentes, de 0,82%. A partir de 2014, a proposta seria reajustar os salários em 2% a cada ano até 2018.

Prefeitura de SP

Para o secretário Municipal da Educação, Antonio Callegari, a decisão dos professores de manter a greve é "incompreensível". "Tenho dificuldade de entender o porquê o sindicato insiste em paralisar escolas e submeter mais de 900 mil alunos aos prejuízos dessa greve", afirmou.
Ele ainda acrescentou que a categoria já tem assegurado um aumento de 10,19% em maio deste ano e outro de 13,43% previsto para o mesmo período de 2014. Os professores, porém, dizem que as parcelas já haviam sido acordadas na gestão anterior. "Isso é uma falácia, porque quem vai pagar a conta é a governo Fernando Haddad", disse o secretário.
Callegari afirmou ainda que na mesa de reunião realizada nesta sexta com a categoria ficou decidido o pagamento do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) em duas parcelas: junho de 2013 e janeiro de 2014. O valor, segundo o secretário será de, no mínimo, R$ 2.400 para os professores que trabalham 40 horas semanais.
Além disso, ele destacou que, assim como os demais servidores municipais, os professores terão um reajuste de 11,46%.

Rede estadual 

Os professores da rede estadual de São Paulo decidiram manter a greve da categoria, iniciada no dia 22 de abril. A assembleia foi realizada na tarde dessa sexta-feira, na avenida Paulista. 
Ficou decidido que os professores farão uma nova assembleia, no mesmo local, no dia 10 de maio.